Gil de Roca Sales | Obras do compositor e arranjador gaúcho Gil de Roca Sales Obras do compositor e arranjador gaúcho

Bibliografia

Cantando Quintana, 1990

Cantando Quintana

24 poemas musicados para Coro Misto

Porto Alegre: Editora AGE/FECORS, 1999

Lançado na Feira do Livro de 1999, a obra abriga 24 poemas do poeta Mario Quintana musicados pelo Maestro Gil de Roca Sales. 23 dessas partituras foram posteriormente publicadas também no livro “Cantando Quintana: 68 Quintanares musicados para Coro Misto”, de 2007.

“Sinto-me envaidecida e grata, em nome do meu tio, ao ver divulgados, no universo da música coral, 24 Quintanares, ainda mais por terem saído da pena musical de Gil de Roca Sales. Ao ver na pauta as notinhas em preto-e-branco, voando como andorinhas sobre as palavras, já escuto os sons angelicais de vozes em coro, embalando os poemas do tio. Obrigada, Gil de Roca Sales.” (Elena Quintana)


Conteúdo

Quintanares (Manuel Bandeira)
Quintanares (Cecília Meireles)
Cantando os meus Quintanares
O autorretrato
Poema do belo
O mapa
Ó céus de Porto Alegre
Este céu de Porto Alegre
Outono em Porto Alegre
Crepúsculos de Porto Alegre
Recordo ainda
Poeminho do contra
A Primavera
Cheio de si
Haikai da cozinheira
Haikai de Outono
Cecília (in Memorian a C. Meireles)
Os Poetas
Tão lenta e serena e bela
Senhora
Mãe
Espantos
O melhor dos bebês
Acalanto

Da Música dos Quintanares
Trechos da apresentação do livro, por Gil de Roca Sales

Da história das composições
Nasceram de uma brincadeira levada a sério. Assim: foi com o “Mapa”, notável poema onde o imaginário de Quintana descreve sua encantada Porto Alegre. Várias vezes tentei dizê-la para mim – em minhas caminhadas, gosto de lembrar poesias que, desde os meus 15 anos, um dia me tocaram – e, como não lograsse decorá-la, fiz-lhe uma melodia e, em pouco tempo, memorizei letra e música. Da melodia surgiu a harmonia e, de um poema, nasceu a idéia de 12 composições para um concerto a Mário Quintana no seu aniversário (30/07/92). Assim se fez, ele ainda vivo, embora já não pudesse estar presente no concerto.
A história das outras 12 é mais séria. Em 95, musiquei 2 Quintanares (o texto devia ser de autor brasileiro) para um grande concurso nacional de composição para canto coral lançado pela FECORS. Pois, com grande surpresa, entre as 4 premiadas, estavam minhas duas composições: “Poema do Belo” e “Autorretrato” – menção honrosa e primeiro lugar. Logo pensei: “Quintana, salve, salve!”. Atribui muito do mérito a ele e, como reconhecimento, compus outros 10 Quintanares.
Há 5 poemas que musiquei por apelo: são poemas para Porto Alegre. Graças a Mario Quintana, Porto Alegre pode ser chamada também Cidade da Poesia. Da melhor poesia.

Como vejo Quintana
Já que a comparação não é perfeita, direi, com Érico Veríssimo, que, para mim, Quintana é o poeta “mais diferente” que já vi. E, se virmos “diferente” em seu lado artístico-criativo, talvez seja este o maior elogio a um artista.
Uma nota diferente em Quintana – cito apenas uma, por ser forte característica sua – é seu poder de síntese, a brevidade. É talvez o que ele mais busca em seus poemas em prosa e verso, ou em seus versos brancos e irregulares, não raro mais breves que o haikai japonês de 15 sílabas.
Sobre isso ele diz: “A brevidade é a decência do estilo”. Ou: “Gosto de fazer poemas de um único verso e até de uma única palavra, como quando escrevo teu nome numa página”. Ou ainda: “…antes vai tudo para o papel. Vem logo o trabalho de corte, quando tudo eu deito abaixo, até ficar o essencial, isto é, o poema. Para isso, é preciso uma luta constante. A minha está durando a vida inteira.” Que lição! É o que também penso, e mais ainda para musicar Quintana. Foi, por isso, intencional (e trabalhosa) a curta duração musical (mais ou menos dois minutos) dada a quase todos os Quintanares.

Especialmente aos regentes (maestros)
Todos sabemos a falta de autores brasileiros na literatura coral. Estou dando minha contribuição. Não são de difícil aprendizado. Procurei dar algo diferente a cada número, para que houvesse 24 Quintanares para 24 paladares. Quero deixá-los à vontade quanto à dinâmica, andamentos, tonalidades (mais grave ou aguda), segundo as possibilidades de cada coro. A voz do tenor pode ser reforçada ou substituída por contraltos nas músicas a três, quatro ou mais vozes. Isso hoje é prática comum até na Europa. O inverso também é possível, como o foi sobretudo na Renascença. Alguns números podem ser cantados em uníssono, no todo ou em parte, a critério do regente. O uníssono tem sua força e beleza. Há outros que podem ser cantados a três vozes iguais ou mistas, sem o baixo. Tais são: Quintanares (Cecília Meireles), Quintanares (Mário Quintana), Os Poetas, Poeminho do Contra, Cecília, Senhora, O Mapa.
Uma sugestão quanto aos andamentos: fluentes, sim, mas calmos e moderados, como convém ao poeta-filósofo, cujos poemas, às vezes resumidos numa quadra, um verso ou num pensamento poético – sempre repletos e ironia, amor, humor e, principalmente, poesia -, desaconselham qualquer leitura dinâmica.
E, por fim, um conselho inútil, já proverbial: do que gostarem, digam aos outros (e também a mim); do que não gostarem, digam só a mim. Aceito sugestões para futuras composições ou edições.

Editoração Eletrônica: Luciano Rd. Matheus/Fecors (maestroluciano@ibest.com.br)